segunda-feira, 7 de maio de 2012

Cerâmica: potes do caxiri - parte 8



A região do norte do Amapá é rica em vestígios arqueológicos de cerâmica, especialmente a fase Aristé, século V d.C., de grande beleza e grande diversidade de formas. Atualmente a situação é bem diferente. Os únicos que produzem cerâmica na região são os Palikur. A tradição cerâmica das artesãs palikur consiste essencialmente na fabricação de grandes potes (daiwuit nobsesa) de diversos tamanhos, para o preparo do caxiri, e potes menores (tukutku), para o consumo da mesma bebida. O caxiri, sempre preparado pelas mulheres, é consumido em todas as aldeias da região: Karipuna, Galibi Marworno, Galibi e menos entre os próprios Palikur, que aderiram à religião Pentecostal. Neste contexto, eles são os únicos fornecedores destes potes para todas as comunidades indígenas da região.
Produzir cerâmica é uma atividade que envolve toda a família. O homem conduz a canoa até o local da retirada do barro, mergulha no poço e traz, do fundo, a massa lisa de argila que será moldada pela mulher. Ele providencia a casca da árvore que será queimada, transformada em cinza, pilada pela esposa e acrescentada à argila.
Com olhar atento e mãos experientes, é a mulher quem molda e dá forma à cerâmica, produzindo vários tipos de recipientes. Pequenos roletes de barro vão sendo unidos, justapostos e alisados. De baixo para cima, o objeto vai, aos poucos, surgindo. Depois de seco, o recipiente vai para queima. O homem e a mulher preparam a fogueira, ajeitando com cuidado os objetos a serem queimados. Das cinzas sobressaem as belas vasilhas, com suas formas e cores bem definidas.

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