sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Doença é poluição

Dentro da maioria das culturas indígenas, quando uma pessoa adoece essa doença sempre começa no mundo dos espíritos. Adoecer não é apenas algo físico, mas que atingiu de alguma forma o espirito, seja por causa de feitiço, outros espíritos, animais, pessoas, pensamentos, lugares ou pela poluição que começa pela contaminação por algo que esta fora da harmonia da natureza.
Emoções e sentimentos, também podem trazer doenças, a degradação da floresta e meio ambiente são fatais para saúde física e espiritual. Alterações no equilíbrio do corpo são visíveis para os pajés que através de rituais, cantos e rezas buscam limpar afastando a doença da vida das pessoas e da comunidade. Cada povo possui seu jeito de cuidar de quem fica doente.
Ela pode ser trazida pelo vento, atraída pelo pensamento, estar ligada a um local, atinge ou entra naqueles que estão com alguma fragilidade, seja mental, física ou espiritual. Objetos, alimentos, palavras e cantos também podem trazer enfermidades principalmente por causa de feitiços. Para alguns povos indígenas a doença é totalmente espiritual, atingindo o corpo e começa como uma poluição interna.
Toda doença tem uma forma, às vezes de gente ou animal. Tem doença que tem cheiro e até cor. Tem aquelas que vem na forma de calor ou frio. Tem lugar que não pode passar, não pode viver, porque a terra doente faz mal para o espirito da gente, então tem que ir para outro lugar. O ambiente em que vivemos afeta nossa saúde. Corpo (terra), água (sangue), fogo (espirito) e ar (alimento), a poluição desses elementos contamina o espirito e altera a saúde da natureza.
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A pajelança é um ritual de cura realizado pelo Pajé (curandeiro e líder espiritual da aldeia).



 

 Categoria: Cultura

Por: Aracy Tupinambá

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QUEM É O CACIQUE?


Cacique da etnia Krahô-Kanela, aldeia Lankrahé

Como na sociedade em geral, as aldeias indígenas possuem uma organização social. Nelas existe um personagem importante que são os Caciques. Eles representam os membros das aldeias, fazem mediações dos conflitos em busca de melhorias juntamente com as lideranças da aldeia. Eles são respeitados por todos, pois são quem cuidam da aldeia. O cacique é uma das lideranças que luta pelo bem estar do seu povo.
O cacique tem o papel de ajudar a organizar as festas, reuniões e demais atividades que ocorrem na aldeia. Todos que visitam as aldeias ou desejam levar algo para elas tem, na maioria das vezes, que comunicar primeiramente com o Cacique. Ele é o representante máximo da aldeia e faz a mediação entre os membros da aldeia e as instituições como FUNAI e outras entidades.
O cacique também zela pela cultura de seu Povo para buscar meios para que as músicas, danças e tradições sejam passadas de uns para os outros, para que a aldeia não perca seus traços culturais.

Caciques de aldeias no Tocantins em reunião.



 
Categoria: Cultura
Por: Amaré Brito


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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

ÍNDIO ANDA NÚ?

A realidade indígena nos dias atuais é bem diferente do passado, da mesma forma que os tataranetos dos portugueses que chegaram com suas caravelas nesse solo não se vestem hoje da mesma maneira que seus avós. Nós povos indígenas possuimos vestimentas tradicionais próprias e grafismos com os quais fazemos pinturas corporais, mas nossa nudez ou não nudez, não define ser indígena ou não indígena. Toda cultura é dinâmica, está sempre em constante movimento, mudando e se adaptando dentre os séculos.




imagens: google



Texto: Índio Educa    Por: Admin
Publicado em: 13/09/2011

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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Índio não quer apito, Índio não quer fazer fumaça – ÍNDIO EDUCA

Por: Marina Cândido Marco


Muitas vezes temos que usar as expressões populares para poder chegar na população. Leia este articulo abaixo e entenda a diferença entre ÍNDIO e INDÍGENAS.
Usar o termo “Índio” para identificar quem pertence a grupo étnico não é muito adequado, pois é um apelidoutilizado para dar nome aos nativos, gente do lugar, os naturais da terra, usando de forma generalizada, perigosa e etnocêntrica.
Se formos pesquisar o dicionário Aurélio, iremos encontrar as seguintes definições:
- “Aborígene das Américas: habitantes das terras americanas, ao chegarem os primeiros europeus, nos séculos  XV e XVI”
 - “Individuo que pertence ao grupo étnico descendentes dos aborígenes americanos”
 - “Relativo aos índios”
Notemos que essas definições generalizam as populações indígenas existentes, sem que leve em conta sua diversidade.
E se pesquisarmos o “indígena”, é definido como:
Que ou quem é originário dum país ou localidade;
Dessa forma, entendemos que usar indígena, é o mais correto, pois indígena é originário de uma localidade, de um lugar de pertencimento, ou seja, onde vivem, onde praticam sua cultura, costumes e tradições.
Percebe-se que Índio e Indígena são bem diferentes e precisamos saber usar de maneira que não deturpe a imagem do indígena. É necessário reconhecer e valorizar a identidade étnica particular de cada sociedade indígena, compreender sua forma tradicional de organização social, recursos naturais, uso da terra, enfim. Conhecer para respeitar!
Depois dessa explicação, então se pergunta: Então por que o Índio Educa, usa “ÍNDIO Educa” e não “Indígena Educa”?
É exatamente para tentar desconstruir essa imagem estereotipada do “índio”. Pode notar que nossa página tem ícones com desenhos de “índio” de forma bastante genérica, porém, quando pesquisar mais, ler os textos, assistir os vídeos, só mostra o contrario, mostra que existem populações indígenas de diversas etnias. A idéia de criar o “Índio Educa, partiu exatamente de penetrar no imaginário das pessoas que quando vão pesquisar, buscam a palavra “ÍNDIO” e não indígena. Portanto, desconstruir a imagem pejorativa de “Índio” é saber usar a criatividade de forma lúdica como o “ÍNDIO EDUCA” tem trabalhado.

Publicado em: 18/01/2013
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O ÍNDIO, OS LIVROS DIDÁTICOS E O SENSO COMUM

Por: Alex Makuxi

Para muitos mal informados nós índios não vivemos mais na selva, aliás, meu povo o “makuxi” nunca vivemos na selva, pois somos de uma região de Lavrado. Outro sim, não vivemos mais “pelados”, mas não por acaso, esquecemo-nos de nossos trajes, eles estão em casa, guardado sempre a espera da hora certa. Algumas pessoas faz a ligação da palavra índio á Amazônia, e esquece que até as grandes regiões metropolitanas estão cheias de índios de diversas etnias.
Se analisarmos com calma os livros que utilizamos em sala de aula, veremos que estas ideias ainda são propagadas neles, não generalizando, pois alguns tratam a questão indígena da forma correta e respeitosa.
Não queremos ser representados por uma figura genérica e atrasada

A cultura indígena passa por processos de transformação, assim como qualquer outra cultura ocidental, mais de nenhuma forma deixamos de ser índio. O fato de usar os adornos e trajes indígenas não nos mais ou menos índios do que quando usamos calças jeans, tênis ou outra coisa da cultura ocidental. Por isso pedimos aos autores de livros, e as editoras que mostrem a verdade, pois estamos cansados ter a imagem de um único índio, de uma única cultura,
propagada para a sociedade envolvente.
É essa imagem que queremos, ser representados por imagens reais e atualizadas.



Publicado em: 12/02/2014
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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

As sociedades

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Os índios sobrevivem. Não apenas biologicamente, mas também do ponto de vista das tradições culturais, segundo comprovam estudos recentes, os quais demonstram que a população indígena vem aumentando rapidamente nas últimas décadas. Hoje, os cerca de 220 diferentes povos somam mais de 800 mil pessoas, que falam 180 línguas distintas. Os índios vivem nos mais diversos pontos do território brasileiro e representam, em termos demográficos, um pequeno percentual da população de mais de 190 milhões de habitantes do Brasil. Todavia são um exemplo concreto e significativo da grande diversidade cultural existente no País.
Os seus antepassados contribuíram com muitos aspectos de suas diversificadas culturas para a formação do que atualmente se chama Brasil: um país de vasta extensão territorial, cuja população é formada pelos descendentes de europeus, negros, índios e, mais recentemente, também de imigrantes vindos de países asiáticos, que mesclaram suas diferentes línguas, religiões e tradições culturais em geral, propiciando a formação de uma nova cultura, fortemente marcada por contrastes.
Mais da metade da população indígena está localizada nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil, principalmente na área da Amazônia Legal. Mas há índios vivendo em todas as regiões brasileiras, em maior ou menor número.
Muitos dos nomes usados para designar as sociedades indígenas que vivem no Brasil não são autodenominações destas sociedades. Foram imensas as dificuldades de comunicação entre os europeus e os nativos da terra, bem como, muito mais tarde, entre os funcionários do órgão indigenista oficial e mesmo entre os antropólogos e os índios, motivadas pelo não-entendimento das
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línguas faladas.
Assim sendo, é comum que uma sociedade indígena seja conhecida por uma denominação que lhe foi atribuída aleatoriamente pelos primeiros indivíduos que entraram em contato com ela ou pela denominação dada pelos inimigos tradicionais. Ela é quase sempre pejorativa. E há, ainda, sociedades que receberam nomes diferentes em épocas diversas.
Portanto, a mesma sociedade indígena pode ser conhecida por vários nomes e eles nem sempre são escritos da mesma forma. Isto depende de convenção feita pelos não-índios, uma vez que os falantes originais das línguas indígenas eram ágrafos, isto é, não conheciam a escrita.
Existe uma "Convenção para a grafia dos nomes tribais" estabelecida pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA) em 1953. Embora muitos aspectos desta convenção sejam respeitados pelos antropólogos até hoje, há outros aspectos que nunca foram seguidos.


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Irmãos Villas-Boas

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A primeira expedição realizada na região do alto Rio Xingu ocorreu em 1884, chefiada pelo alemão Karl von den Steinen. Só na década de 1940, no governo do presidente Getúlio Vargas, a região começou a ser sistematicamente visitada e explorada. Foi organizada a Expedição Roncador-Xingu, que percorreu regiões inexploradas do Brasil central com o objetivo de desbravá-las, abrindo estradas e construindo campos de pouso de emergência. Como conseqüência da II Guerra Mundial, nacionalistas temiam que houvesse um deslocamento de colonos europeus para o interior do Brasil e a ação da Expedição visava à defesa da região.Os irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas Boas foram membros da Expedição. Eles dedicaram-se ao contato amistoso e à proteção dos índios que viviam nas cabeceiras do Rio Xingu. Paulistas, oriundos de uma família de classe média, tinham um irmão mais novo, Álvaro, que, embora não os tenha acompanhado ao Xingu, foi funcionário do órgão indigenista oficial, chegando a ser presidente da Funai, na década de 1980.
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Em 1944, a Expedição Roncador-Xingu contatou o povo Xavante, ainda hostil. Dois anos depois, estabeleceu contatos pacíficos com cerca de 14 povos do alto Xingu, de grande diversidade cultural, lingüisticamente representantes das Famílias Tupi, Aruak, Karib e Jê. Estes povos, que continuavam vivendo da mesma forma que Steinen os encontrara no século XIX, tinham sofrido um decréscimo populacional sensível, devido aos ataques violentos de gripe, disenteria e outras doenças infecciosas, que começaram a invadir a região cerca de 30 anos antes. Teriam sido contagiados, aparentemente, porque alguns grupos de índios, deslocando-se pelos rios, haviam encontrado colonos brasileiros ao longo do Rio Paranatinga e em outros lugares.

Mantendo contato com Rondon e com outros indigenistas, os irmãos Villas Boas decidiram permanecer no Xingu e desenvolver aí um programa positivo de proteção aos índios, buscando assegurar-lhes uma base territorial onde pudessem manter seus modos tradicionais de organização social e de subsistência econômica, além de fornecer-lhes assistência médica contra doenças exógenas. Os irmãos defendiam a criação de reservas e parques indígenas fechados, que funcionassem como uma espécie de tampão protetor e seguro entre índios e sociedade brasileira. Eles achavam que o processo de integração dos povos indígenas na sociedade nacional deveria ser gradual, de forma a garantir a sobrevivência física, as identidades étnicas e os estilos de vida de cada um daqueles povos.
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Em 1952, a questão foi levada a debate junto à Presidência da República e foi elaborado um documento legal solicitando a criação do Parque Nacional Indígena do Xingu, ocupando grande extensão de terras da parte setentrional do estado de Mato Grosso. Este seria o primeiro parque indígena do Brasil. Era visto como uma experiência incomparável de proteção aos povos indígenas e a seus habitats naturais contra os perigos representados por uma sociedade que estava vivendo um período de rápida e drástica transformação econômica e social. Os irmãos Villas Boas foram nomeados para serem seus primeiros diretores, e o Parque foi colocado sob a responsabilidade conjunta do SPI, do Museu Nacional (RJ), do Instituto Oswaldo Cruz, do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e do Instituto Histórico e Geográfico do Mato Grosso. 

Depois de sofrer sérias ameaças, entre elas uma tentativa do governo do Estado de Mato Grosso de fornecer concessões de terras do Parque a companhias e especuladores imobiliários, bem como uma epidemia de sarampo que quase dizimou toda a população da área, o Parque foi criado oficialmente em 19 de abril de 1961, quando o Congresso Nacional aprovou o Decreto nº 50.455, estabelecendo suas fronteiras legais. Em todo esse processo, a atuação dos irmãos Villas Boas junto à opinião pública e aos órgãos governamentais foi decisiva. Dessa forma, lograram conseguir que o governo brasileiro tomasse as medidas necessárias à retomada dos territórios irregularmente concedidos pelo governo do estado e ao combate à epidemia de sarampo e outras doenças que ameaçaram a população do Parque. 

Durante vários anos os irmãos Villas Boas estiveram à frente do Parque Nacional do Xingu. Sua atuação teve muitos aspectos positivos e outros nem tanto. Organizaram um programa sistemático de saúde pública, vacinações e assistência médica para os índios, colocando sob controle quase todas as doenças epidêmicas e favorecendo o crescimento populacional. Entretanto, ao fornecerem aos índios do Xingu uma ampla gama de ferramentas e de bens materiais, provocaram algumas mudanças nas relações, no interior das sociedades indígenas, entre elas havendo, por exemplo, um decréscimo na produção artesanal nativa e um movimento paralelo de substituição do comércio entre os vários povos por uma maior dependência econômica destes em relação ao Posto Indígena, sede do Parque. Outra mudança importante na época foi a diminuição do poder dos chefes e um aumento correspondente do poder dos funcionários que trabalhavam no antigo Posto Indígena. Ainda assim, as inovações introduzidas gradualmente pelos irmãos Villas Boas não chegaram a ter efeitos destrutivos no que diz respeito à coesão social de cada um daqueles povos. Por outro lado, as medidas sanitárias preventivas que adotaram e o controle que mantiveram das relações entre índios e estranhos ao Parque foram fundamentais para garantir sua sobrevivência. 

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quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

POVOS INDÍGENAS

Onde estão

Você sabia que há povos indígenas em quase todos os cantos do Brasil?
Por aqui, boa parte da população indígena vive em áreas chamadas de Terras Indígenas. Existem hoje 690 Terras Indígenas no país.
Em quase todos os estados brasileiros existem terras indígenas reconhecidas – exceto no Piauí e no Rio Grande do Norte. Mas os índios não vivem apenas nas terras indígenas.
Há comunidades indígenas circulando por beiradões de rios, em cidades amazônicas e até em algumas capitais brasileiras. Isso acontece principalmente porque, para os povos indígenas, os espaços em que se mora, planta, caça ou caminha vão além das fronteiras criadas pelo homem branco. E porque ninguém deixa de ser índio por estar em uma região considerada urbana, fora das fronteiras definidas para suas terras.
Para os índios, o lugar em que se vive não é apenas um cenário, é um território: um espaço totalmente conectado com um jeito tradicional de estar no mundo, conectado com suas culturas. Por isso, cada povo tem um jeito de explicar seus modos próprios de ocupar um território.

Como os Zo'é entendem seu território?

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Os Zo'é são índios que vivem nas proximidades do rio Cuminapanema, no norte do Pará, e que falam de uma língua da família Tupi-Guarani. Eles ocupam seu território realizando movimentos de deslocamento e de concentração da população nas aldeias; já o tempo é distribuído em períodos dedicados às roças e às expedições de caça, pesca e coleta.
Em sua língua não existe uma palavra específica para “território”, o termo que mais se aproxima disso é -koha que pode ser traduzido como "modo de vida", "bem viver" ou "qualidade de vida". Esse termo inclui elementos como as condições ambientais e as formas de cuidar dos recursos necessários para viver, mas também pode significar o modo como os Zo'é se organizam no espaço, divididos em pequenos grupos de parentes morando em lugares separados.
Hoje em dia muitos povos sofrem com o fato de não poderem circular como antes da invenção das cidades, das fronteiras, do mundo dos brancos.
Veja o exemplo dos Xavante.
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http://pibmirim.socioambiental.org

Os Xavante, que tinham o costume de caminhar muito por seu território, estão hoje obrigados ao sedentarismo. Sedentarismo quer dizer ficar no mesmo lugar, ou seja, não se movimentar no espaço. Embora eles ainda realizem pequenas excursões de caça e coleta dentro das suas áreas, o território em que podiam caminhar diminuiu muito.