terça-feira, 29 de maio de 2012

CCBB Rio promove Seminário de Educação



Arte, Sustentabilidade e Acessibilidade

 O Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro promove nos dias 01, 02 e 03 de junho, em diversos horários, o Seminário de Educação: Arte, Sustentabilidade e Acessibilidade.  O Seminário tem como proposta  discutir as relações entre o ensino formal e o não formal em direção a responsabilidade de postura do estar no mundo. Os centros de cultura ocupam lugar de vanguarda na promoção de conhecimento por ocupar um espaço que envolve, torna familiar e convida o visitante a caminhar junto a favor do coletivo.
 PROGRAMAÇÃO:

Sexta-feira, 1 de junho
 Horário: 18h as 21h
Música - ferramenta, experimento ou método?
Auditório da GEPES – 3º andar

Sábado, 2 de junho
Horário: 10h às 13h
Artes Visuais - Ações estéticas
Auditório da GEPES – 3º andar

Horário: 15h às 18h
Sustentabilidade - propostas para o presente
Auditório do GEPES – 3º andar


Domingo, 3 de junho
Horário: 10h às 13h
Acessibilidade e inclusão - caminhos diversos
Auditório da GEPES – 3º andar

 Inscrições abertas – Informações e agendamentos
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro, Rio de Janeiro.
 CCBB Educativo – 1º andar
(21) 3808 2070 / 3808 2254
Entrada Franca

quinta-feira, 24 de maio de 2012

EDUCAÇÃO: Populações indígenas têm incentivo à formação escolar

Enviado por kamayuramaster
Capes lança o Observatório da Educação Escolar Indígena



Os 215 povos indígenas brasileiros somam 380 mil pessoas, que falam 180 idiomas diferentes. Esta diversidade agora pode ser representada em sala de aula. Lançado na sexta-feira, 31 de julho, pela Capes, o Observatório da Educação Escolar Indígena é um programa que visa ao fortalecimento da formação dos profissionais da educação básica intercultural dos povos originários do Brasil.

Desenvolvido nos moldes do Observatório da Educação, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) e com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) do Ministério da Educação (MEC), o programa seleciona projetos para o desenvolvimento de estudos e pesquisas em educação que priorizem a formação de professores e gestores educacionais para os chamados Territórios Etnoeducacionais.

Para isso, deve ser utilizada a infraestrutura disponível das instituições de educação superior e das bases de dados do Inep, como o Censo da Educação Superior ou o Cadastro Nacional de Docentes.

Poderão apresentar projetos de estudos e pesquisas em educação escolar indígena instituições de ensino superior que tenham cursos e programas de graduação e pós-graduação stricto sensu reconhecidos pela Capes.

O edital do Observatório da Educação Indígena foi publicado nesta segunda-feira, dia 3. Veja mais informações no site http://www.capes.gov.br/editais/abertos/2991-observatorio-da-educacao-escolar-indigena

Territórios

A base de organização dos projetos são os Territórios Etnoeducacionais, previstos no Decreto 6.861/2009. Unidades territoriais diferenciadas que podem ultrapassar as fronteiras de vários estados, os territórios são terras ocupadas por povos indígenas que mantêm relações entre si caracterizadas por raízes sociais e históricas, relações políticas e econômicas, filiações lingüísticas, valores e práticas culturais compartilhados.

O primeiro território definido foi o do Rio Negro, formado por 23 povos distribuídos pelos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas. A previsão é de que 18 territórios se organizem.

Os territórios são o tema das 18 conferências regionais educacionais indígenas, que preparam a 1ª Conferência Nacional de Educação Escolar Indígena, prevista para ser realizada em setembro, em Brasília.

Constituição

O presidente da Capes, Jorge Guimarães, lembra que o desenvolvimento da educação indígena é um dos pilares do novo estado brasileiro. "Estamos mobilizando nossa inteligência para fazer valer o que está na Constituição e que foi observado no Plano de Desenvolvimento da Educação", afirma Guimarães.

O secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, André Lázaro, observa que o processo de formação de professores está adiantado. "90% dos professores envolvidos na educação indígena são índios", diz Lázaro. "Precisamos é de pesquisas que aumentem a qualidade da formação destes profissionais, e conduzidas por eles mesmos", conclui o secretário.

João Carlos Teatini, diretor de Educação Básica da Capes, ressalta a coordenação das ações educacionais. "A publicação do decreto em maio e do Plano Nacional de Formação de Professores é um acontecimento que demonstra o sentido para o qual estamos orientados, que é o de corrigir disparidades históricas", diz Teatini.
(Com informações da Assessoria de Imprensa da Capes)

Leia a íntegra da portaria que dispõe sobre o Observatório da Educação Escolar Indígena, publicada no Diário Oficial desta segunda-feira, 3 de agosto:

O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes, no uso das atribuições conferidas pelo inciso II do Artigo 26 do Estatuto aprovado pelo Decreto nº 6.316, de 20 de dezembro de 2007, resolve:

Art. 1º Instituir no âmbito do Programa Observatório da Educação, em conformidade com o Decreto nº 5.803, de 08 de Junho de 2006, o Observatório da Educação Escolar Indígena, a ser implementado em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Art. 2º O Observatório da Educação Escolar Indígena tem por objeto a seleção pública de projetos para o desenvolvimento de estudos e pesquisas em educação que priorizem a formação de professores e gestores educacionais para os Territórios Etnoeducacionais, entendidos como os territórios, mesmo que descontínuos, ocupados por povos indígenas que mantêm relações intersocietárias caracterizadas por raízes sociais históricas, relações políticas e econômicas, filiações lingüísticas, valores e práticas culturais compartilhados.

Art. 3º Os principais objetivos do Programa Observatório da Educação Escolar Indígena são:

I - Estimular a produção acadêmica, a formação de recursos graduados e pós-graduados, em nível de mestrado e doutorado, visando ao fortalecimento da identidade e qualificação, valorização e expansão da carreira docente na educação básica e superior intercultural indígena, por meio de financiamento específico;

II - Contribuir para a implantação e o fortalecimento dos Territórios Etnoeducacionais e promover o desenvolvimento de programas de graduação e pós-graduação stricto sensu e de redes de pesquisa no país que tenham como eixos de investigação a formação de professores e gestores de educação e a abordagem interdisciplinar de problemas de ensino-aprendizagem implicados na interculturalidade e nos usos bilíngües/multilíngües e nos processos próprios de aprendizagem das comunidades indígenas;

III - Apoiar a formação de pesquisadores capacitados para atuar na área de avaliação educacional e formação de docentes da Educação Superior e da Educação Básica Intercultural Indígena;

IV - Promover e implementar a formação inicial e continuada de professores, preferencialmente indígenas, a inserção e a contribuição destes profissionais nos projetos de pesquisa em educação e a produção e a disseminação de conhecimentos que priorizem atividades teórico-práticas presenciais e semi-presenciais;

V - Promover a formação dos professores dos cursos de licenciatura intercultural, visando ao fortalecimento da identidade, qualificação, valorização e expansão da carreira docente na Educação Básica e Superior Intercultural;

VI - Estimular o estabelecimento de parcerias e consórcios interinstitucionais que explorem ou articulem as bases de dados do INEP, como subsídio ao aprofundamento de estudos sobre a realidade educacional brasileira e fontes estratégicas para a tomada de decisão de gestores e educadores comprometidos com a melhoria de qualidade da educação pública.

Art. 4º Para o recebimento de projetos, a Capes, a Secad e o Inep, de acordo com sua disponibilidade orçamentária e financeira, lançarão editais estabelecendo as áreas a serem contempladas, valor do financiamento, calendário e outras informações pertinentes.

Parágrafo Único. Os projetos poderão ser apresentados por Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras, que possuam programa de pós-graduação reconhecido pela Capes.

Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação no Diário Oficial da União.”
Imagem e texto retirados do site http://aldeiavelha.wordpress.com/2012/03/27/encontro-do-observatorio-em-boca-da-mata/
 

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Destaque / PROGDOC


Programa de Documentação de Línguas e Culturas
Indígenas – PROGDOC.

Imagem retirada do site
http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2011/09/28/brasil-corre-para-registrar-linguas-indigenas-que-estao-desaparecendo/

No Brasil, vivem atualmente, em torno de 460 mil índios, distribuídos entre 225 diferentes grupos étnicos. Há ainda diversos outros que estão requerendo sua condição indígena, além de cerca de 60 referências a grupos ainda não contatados. Trata-se de uma grande diversidade linguística e cultural que precisa ser melhor conhecida, documentada e preservada. Este patrimônio encontra-se sob ameaça de desaparecer, em grande parte, no decorrer deste século. O Museu do Índio coordena, desde 2009, um esforço nacional de registro e documentação para proteger, reforçar e revitalizar as muitas línguas e culturas indígenas ainda existentes no território brasileiro. O trabalho é dividido em três áreas de atuação – Prodoclin, Prodocult e Acervo – e desenvolvido em conjunto com o Instituto Max Planck, da Alemanha, e várias universidades e centros de pesquisa do País, com o apoio da Fundação Banco do Brasil e da Unesco. O Programa de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas – PROGDOC atua em 109 aldeias de norte a sul do Brasil, com a participação e intervenção direta dos índios, possibilitando a documentação e o registro de aspectos específicos de 39 culturas, beneficiando uma população superior a 28 mil índios. Todo o material produzido está
consolidando um acervo digital, em segurança no Museu do Índio, que garante a sua disponibilidade mesmo daqui a 20 ou 50 anos.Os povos indígenas já começaram a receber os frutos desse trabalho. O Museu do Índio já preparou e entregou 7 dossiês às comunidades Xavante (MT), Ikpeng (MT), Rikbaktsa (MT), Paresi (MT), Wajãpi (AP),Maxakali (MG) e Kanoê (RO). Os dossiês reúnem registros audiovisuais, acervos tratados e digitalizados, dicionários, gramáticas, materiais de divulgação como vídeos, CDs e DVDs, entre outros produzidos durante o projeto. Seus conteúdos são validados e qualificados por mestres e especialistas de cada comunidade para uso em escolas e centros de documentação nas aldeias e terras indígenas.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Campanha “Não Tire as Penas da Vida”



Enviado por kamayuramaster em 24/06/2008 11:45:06
Manaus (20/06/2008) - Servidores do Ibama do Amazonas em parceria com a FUNAI, reuniram 11 índios Saterê-Maué com outros 30 líderes dos Hixkaryana na aldeia Riozinho da etnia Hixkaryana. Durante 10 dias, indígenas, servidores do Ibama e da FUNAI trocaram experiências e participaram do Curso de Agente Ambiental Voluntário, que contou com tradução simultânea para a língua Hiskaryana. Entre as atividades, os índigenas tiveram a chance de ver, pela primeira, seções de cinema, montadas na maloca central, onde assistiram filmes educativos com foco na questão ambiental.

Durante os dez dias de convivência com os indígenas, a equipe do Ibama realizou um diagnóstico simplificado da fauna da Terra Indígena Nhamundá-Mapuera. O biólogo Agenor Vicente realizou diversas incursões na selva e constatou a redução drástica de populações de macacos e diversas aves.

Segundo a coordenadora do Núcleo de Agentes Ambientais Voluntários do Ibama, Ante Barroso, durante todo o curso, incluindo dois dias de viagem até as aldeias, nenhuma arara, papagaio ou mesmo o gavião-real, muito comuns naquela região, foram vistos. “Nossos indígenas sabem que se não acharmos alternativas econômicas, esses animais vão acabar sumindo da região. Quando não existe cuidado com o meio ambiente, o primeiro que sofre é quem convive com ele”, afirmou Anete.Programa Agentes Ambientais Voluntários e campanha “Não Tire as Penas da Vida” transformam indígenas infratores em parceiros ambientais

Ao final da oficina de capacitação (13/06), as lideranças indígenas reconheceram que a caça para fins comerciais gera impactos negativos sobre a fauna da Terra Indígena e se mostraram dispostos a encontrar alternativas econômicas que não representem ameaças. Diversos Tuchauas (líderes das etnias) declaram que as tribos vão trabalhar projetos sustentáveis, como criação de peixes e extração de essências e óleos naturais, deixando de depender do comércio de partes de animais silvestres e colaborando com o órgão federal de meio ambiente no combate a esses ilícitos.

Para o Superintendente do Ibama no Amazonas, Henrique Pereira, a conscientização desses indígenas mostra que a educação ambiental é o maior aliado do projeto Não Tire as Penas da Vida. “Fica o exemplo. Resta agora aos turistas, tanto de Manaus quanto de outros locais que vão ao Festival de Parintins que façam a sua parte. Não adianta cantar a natureza se não ajudar nessa luta. Não comprem artesanato com penas de animais silvestres. A vida agradece”, disse o Superintendente.

Por incrível que pareça o Festival Folclórico de Parintins já foi considerado a “festa da morte”. Isso porque enquanto toadas cantavam a preservação da Amazônia, com letras que protestavam contra o desmatamento, a caça de animais silvestres, o aquecimento, a fumaça, e por aí afora, dezenas de milhares de animais eram abatidos para enfeitar peças tanto dos bumbás, quanto das alegorias vendidas aos turistas pouco interessados na preservação decantada da festa. Só pra se ter uma idéia, em 2002, o Ibama e a FUNAI catalogaram em Parintins no período do festival, cerca de 30 mil peças artesanais com partes da fauna local, o que representa cerca de 3400 araras abatidas entre quase 7000 animais silvestres mortos. Em 2003, esses números subiram para algo em torno de 50 mil peças, representando outros 12 mil animais abatidos, mais da metade araras e papagaios.

A parceria pela preservação nasceu com a campanha “Não Tire as Penas da Vida”, em 2002. Os primeiros a abolir o uso de penas, ossos, couros e peles de animais silvestres foram os bumbas Garantido e Caprichoso, que passaram a utilizar materiais sintéticos e penas de galinhas nas suas alegorias. As empresas de turismo também aderiram à campanha pela vida. Faltava envolver definitivamente as comunidades indígenas da região, principalmente Hixkaryana, Sateré e Waiwai, que permaneceram no comércio ilícito. Para os indígenas, a campanha havia surtido pouco efeito, pois ainda foram registradas vendas de artesanato no ano passado. Nos anos de 2004 a 2006, com as operações de fiscalização, o número de peças com partes de animais silvestres foi reduzido em mais de 80%. Mas apesar da queda, milhares de animais continuaram sendo abatidos para esse mercado ilegal.

A primeira tentativa de sensibilizar os indígenas foi realizada em 2007, quando uma equipe do escritório regional do Ibama em Parintins realizou um encontro com as lideranças indígenas na Terra Indígen Namundá-Mapuera. Na semana passada o Ibama do Amazonas utilizou sua melhor arma para buscar a solução do problema.

Texto:
http://www.kamayura.org/modules/news/article.php?storyid=38


Imagem:

http://renctas.org.br/en/informese/noticias_nacional_detail.asp?id=2817


Marcelo Dutra
Ascom/Ibama/AM
Fotos: Anete Amäncio e Reinaldo Zuardi

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Funai divulga nota sobre a situação do povo Awá-Guajá

Imagem retirada do blog
http://mac-asf.blogspot.com.br/2011/02/tribo-amazonica-awa-guaja-pode.html

Qua, 02 de Maio de 2012 11:13
Renata Sousa Costa

A Fundação Nacional do Índio, Funai, informou em nota na segunda-feira (30), que tem estabelecido estratégias de curto, médio e longo prazo para garantir a fiscalização e o monitoramento territorial das áreas da tribo Awá-Guajá no Maranhão. A fundação reforçou a importância da presença permanente de outras instituições de repressão aos crimes ambientais e de narcotráfico nas áreas de ocupação do povo Awá.

A tribo indígena Awá-Guajá está localizada nos municípios de Centro Novo do Maranhão, Governador Newton Belo, São João do Carú e Zé Doca no estado do Maranhão. O grupo de defesa dos direitos indígenas Survival International, divulgou em campanha pelos Awá, que a tribo é a mais ameaçada do mundo. A situação dos Awá foi classificada como “genocídio” em 2009, pelo juiz federal José Carlos do Vale Madeira.

Tribo do Maranhão é a mais ameçada do mundo.
De acordo com a Funai, ações de vigilância em Araribóia, Carú, Awá e Alto Turiaçú, de ocupação tradicional do povo indígena Awá-Guajá, vem sendo realizadas sistematicamente desde 2007, por meio de operações em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Departamento de Polícia Federal e Departamento de Polícia Rodoviária Federal. Os resultados das ações de vigilância demonstraram que o contexto socioeconômico da região está diretamente ligado à exploração ilegal de recursos naturais e ao narcotráfico dentro das terras indígenas. Existem cerca de 180 serrarias ilegais em torno do território indígena, as únicas áreas florestadas da região. A insegurança dos servidores federais que atuam no atendimento do povo Awá também dificulta o trabalho que deveria ser desenvolvido pela Funai.

O povo Awá-Guajá
O povo indígena Awá-Guajá, também chamado de Awá, da família linguística Tupi-Guarani, vivem na região próxima aos vales dos rios Turiaçú, Pindaré e Gurupi desde o século passado. Os Awá começaram a descer para os vales dos rios a partir de 1940 por causa da pressão imposta pela expansão colonizadora. O contato com os “brancos’ colonizadores foi desastroso para o povo Awá que era muito vulnerável e recusou contato por muito tempo.
O contato com o povo Awá foi iniciado em 1970 até 1980. No entanto, ainda permanecem em isolamento três grupos deste povo indígena. Em 2008 e 2009, a Funai localizou a presença de grupos do povo Awá-Guajá isolado com alto grau de vulnerabilidade frente aos avanços das atividades madeireiras em seu território.

Regularização fundiária
O processo de regularização fundiária das terras dos Awás teve início em 1970 com várias propostas de delimitação, mas nenhuma teve a regulamentação definitiva. Em 1987 a Funai interditou uma área de 147.500ha. O reconhecimento da terra indígena esbarrou em interesses econômicos locais que provocaram sucessivas alterações na delimitação. A Portaria n.373, de 29 de julho de 1992, declarou a terra indígena como posse imemorial indígena com 118.000ha. A terra indígena Awá foi homologada em 2005 e registrada na Secretaria do Patrimônio da União, SPU, em 2009.

O território Awá foi contestado judicialmente por ocupantes não-indígenas, motivo de demora na regularização fundiária e impedimento da posse plena pelos Awás. Em 2002, o Ministério Público Federal, MPF, instaurou uma Ação Civil Pública contra Funai, União e Agropecuária Alto Turiaçu, requerendo a demarcação da terra indígena e declarando a nulidade dos títulos de domínio invocados pela Agropecuária. Após vários anos de disputa judicial, em 2009, o juiz acolheu os pedidos do MPF, determinando a demarcação da terra indígena Awá, e a “remoção de todas as pessoas – posseiros, agricultores, madeireiros etc. – que se encontrarem no interior da Área Indígena Awá-Guajá”. Após apelações da decisão, em dezembro de 2011, o juiz manteve a decisão de 2009, determinando a conclusão do procedimento em um ano.
http://www.museudoindio.org.br/template_01/default.asp?ID_S=29&ID_M=1258

sexta-feira, 18 de maio de 2012

"Mitologia Guarani Ñandeva"

                                   



Os Guarani contam que o processo de criação do mundo teve início com Ñane Ramõi Jusu Papa ou “Nosso Grande Avô Eterno”, que se constituiu a si próprio do Jasuka, uma substância originária, vital e com qualidades criadoras. Foi quem criou os outros seres divinos e sua esposa, Ñande Jari ou “Nossa Avó”, foi alçada do centro de seu jeguaka (espécie de diadema que perpassa, como ornamento, testa e cabeça), o adorno ritual. Criou também a terra que então tinha o formato de uma rodela, estendendo-a até a forma atual; levantou também o céu e as matas. Viveu sobre a terra por pouco tempo, antes que fosse ocupada pelos homens, deixando-a, sem morrer, por um desentendimento com a mulher. Tomado de profunda raiva causada por ciúmes, quase chegou a destruir sua própria criação que foi a terra, sendo impedido, contudo, por Ñande Jari com a entoação do primeiro canto sagrado realizado sobre a terra, tomando como acompanhamento o takuapu: instrumento feminino, feito de taquara, com aproximadamente 1,10m, que é golpeado no solo produzindo um som surdo que acompanha os Mbaraka masculinos, espécie de chocalho de cabaça e sementes específicas.

O filho de Ñane Ramõi, isto é, Ñande Ru Paven (“Nosso Pai de Todos”) e sua esposa Ñande Sy (“Nossa Mãe”), ficaram responsáveis pela divisão política da terra e o assentamento dos diferentes povos em seus respectivos territórios, criando montanhas para delimitar o território guarani. Ñande Ru Paven roubou o fogo dos corvos e o entregou aos homens; criou a flauta sagrada (mimby apyka) e o tabaco (petÿ) para os rituais e foi o primeiro que morreu na terra. Da mesma forma que seu pai, decidiu abandonar a terra em função de um desentendimento com sua esposa que estava grávida de gêmeos. O mito dos gêmeos é um dos mais contados e difundidos pela América do Sul. Pa’i Kuara é neto de Ñane Ramõi. A ele, depois de muitas aventuras na terra, foi atribuída a responsabilidade de cuidar do Sol, assim como de seu irmão, Jacy, a quem caberia o cuidado da Lua.
Assim, Ñande Sy saiu em busca de seu marido e com freqüência perguntava ao filho, que ainda não havia nascido, qual o caminho a ser seguido. Pa’i Kuara chegou a indicar caminho  errado para sua mãe que lhe havia negado uma flor que queria para brincar durante o percurso. Ñande Sy chegou à morada dos Jaguarete ou “os verdadeiramente selvagens” (que são as onças). O avô destes seres ferozes tentou em vão salvar a vida da mulher. Seus filhos, ao voltarem famintos pelo fracasso da caça, mataram Ñande Sy, deixando vivos apenas os pequenos gêmeos. Estes, depois de grandes, encontraram com o “papagaio do bom falar” (parakau ñe’ëngatu) que lhes contou da morte da mãe. Resolveram vingá-la. Pa’i Kuara e seu irmão menor Jasyprepararam armadilha na qual morreram todos os jaguarete, menos uma que estava grávida, razão pela qual os jaguarete (onças) permaneceram no mundo.
Pa'i Kuara e Jasy viveram inúmeras aventuras sobre a terra até que o primeiro decidiu ir para os céus à procura de seu pai. Sua preparação para isto consistiu em jejuar, dançar e rezar até sentir-se suficientemente leve de modo a poder subir.  Lançou então uma seqüência de flechas, umas sobre as outras, até construir um caminho que o levou aos céus, onde entrou através da abertura feita por suas flechas. Seu pai Ñande Ru Pavë o reconheceu como filho autêntico, entregando-lhe o Sol para que dele cuidar.
Os Paï se consideram descendentes diretos, como netos, de Pa’i Kuara, o ser divino mais referido em seus mitos e a quem recorrem mais sistematicamente em momentos de penúria ou doença.
Fora da mitologia clássica e considerando a criação do mundo até a chegada de Pa’i Kuara ao céu, os Guarani possuem um número interminável de contos e mitos cujos heróis são animais. Criaram também uma mitologia onde são narrados acontecimentos identificáveis nos últimos 200 anos.  Os mitos de Kasíke Guaira e Kasíke Paragua, por exemplo, narram interpretações de conflitos e guerras com brasileiros e paraguaios ocupantes de seus territórios.
Outros personagens divinos importantes são os quatro “cuidadores das almas dos homens”, localizados em um dos sete céus e nas quatro direções; há ainda seres que cuidam das águas, dos animais, das plantas e outros, cabendo destaque a Jakaira, responsável pela fertilidade das roças.

Rituais

São assíduas e freqüentes as atividades religiosas guarani, com práticas de cânticos, rezas e danças que, dependendo da localidade, da situação ou das circunstâncias, são realizados cotidianamente, iniciando-se ao cair da noite e prolongando-se por várias horas. Os rituais são conduzidos pelos ñanderu que são líderes e orientadores religiosos; contemplam necessidades corriqueiras como colheita da roça, ausência ou excesso de chuva.
Entre os kaiowa, duas cerimônias têm destaque: a do avati kyry (milho novo, verde) e do mitã pepy ou kunumi pepy (realizada em várias comunidades no Paraguai; no Brasil apenas uma comunidade a mantém). A primeira é celebrada em época de plantas novas (fevereiro, março) e tem no avati morotĩ (milho branco), planta sagrada que rege seu calendário agrícola e religioso, a referência principal. Semanas de trabalho e envolvimento de muitas famílias para preparar o kãguy ou chicha e o lugar da cerimônia, antecedem sua realização. O kãguy é uma bebida fermentada, feita, nestas cerimônias, com o milho branco (mas também de mandioca, batata doce ou cana de açúcar) e preparada pelas mulheres.
A cerimônia em si, dirigida por um líder religioso, tem início ao cair do sol e finda na aurora do dia seguinte. Este xamã deve conhecer o mborahéi puku ou “canto comprido”, cujos versos, que não se repetem, não podem ser interrompidos depois de iniciada a cerimônia. A cada verso entoado pelo ñanderu a comunidade o repete, sempre acompanhados pelos mbaraka confeccionado e usado por homens e os takuapu usados por mulheres. Ao amanhecer, terminado o mborahéi puku (canto comprido), há o batismo da colheita (mandioca, cana, abóbora, batata doce, milho etc.), que permaneceu depositada no altar. Na noite seguinte a cerimônia do avati kyry continua com cantos e danças mais profanos, os kotyhu e os guahu, por toda a comunidade e por muitas visitas que participam da cerimônia.
Além desses rituais, há ainda as cerimônias do mitãmongarai, ocasião em que sacerdotes reúnem crianças para o batismo, quando recebem o tera ka’aguy (nome de mato) ou nome guarani.
Imagens e texto retirados do blog  http://www.nipbr.org/

quinta-feira, 17 de maio de 2012

DIA DE ÍNDIO É TODO DIA NA ESCOLA ROSTHAM

 


A  ESCOLA MUNICIPAL ROSTHAM PEDRO DE FARIAS comemorou o Dia do Índio de maneira criativa e divertida, utilizando o material de empréstimo e as coleções etnográficas do Museu do Índio.
 
Com o tema DIA DE ÍNDIO É TODO DIA a ESCOLA ROSTHAM interagiu com os seus alunos de maneira lúdica facilitando o processo ensino-aprendizagem e participando ativamente das celebrações do Dia do Índio.
 
Para conferir a programação completa acesse o blog http://rostham.blogspot.com.br/2012/05/dia-de-indio-e-todo-dia.htm
 

Semana de Museus 2012




No próximo final de semana, 19 e 20 de maio, às 16h, os visitantes do Museu do Índio terão a oportunidade de ouvir, de Xumayá Fulni-ô, as lendas e mitos que ele aprendeu, na infância, com os mais velhos de sua aldeia, em Águas Belas/ PE. Os Fulni-ô são os únicos do Nordeste que conseguiram manter viva a sua própria língua, o Ia-Tê ou Yatê do tronco Macro-Jê. Sua população é estimada em 2.930 pessoas. A língua e os rituais sagrados mantêm a nação unida, com fortes vínculos culturais e tradições que são repassadas para as novas gerações.

Exposição
O público pode aproveitar para conhecer a exposição “A Presença do Invisível: vida cotidiana e ritual entre os povos do Oiapoque”. A mostra, que ocupa o casarão central do MI, apresenta a cultura dos Karipuna, dos Palikur, dos Galibi Marworno e dos Galibi Kaliña, povos que habitam diferentes terras indígenas na região fronteiriça do Brasil com a Guiana Francesa, no estado do Amapá. Juntos, eles totalizam cerca de 5.000 pessoas.

A programação marca a participação do Museu do Índio na 10ª Semana de Museus, promovida pelo IBRAM, com atividades inspiradas no tema "Museus em um mundo em transformação: novos desafios, novas inspirações" que coloca em discussão as transformações sociais como pontes entre a memória e o esquecimento.
O MI na Semana de Museus: 19 e 20 de maio com entrada gratuita- Contação de histórias com Xumayá Fulni-ô
Sessões às 16h.
- Exposição “A Presença do Invisível: vida cotidiana e ritual entre os povos do Oiapoque”
Visitação: das 13h às 17:00h.
Rua das Palmeiras 55 - Botafogo - Rio de Janeiro/RJ
NUCOM/MI
15/05/2012

Passamos das 20.000 visualizações!!!!!

Estamos muito felizes, passamos das 20.000 visualizações!! Agradecemos a todos os nossos seguidores!!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Dreamcatcher - Filtro dos Sonhos

Olá pessoal, achamos que seria legal  conhecermos novas culturas. Que tal aprendermos juntos o que é dreamcatcher?


O dreamcatcher, também conhecido como filtro ou teia do sonho, são mandalas de cura de origem nativa norte-americana. O Tempo dos Sonhos é influenciado por boas e más energias. A função do filtro dos sonhos é a de afastar as energias intrusas e incorretas que, presas na teia, se dissipam com os primeiros raios do sol.

O aro do filtro é a roda da vida, e a teia que tecemos são nossos sonhos, não somente os sonhos que temos quando em contato com o Tempo do Sonho, mas também os sonhos de nossa alma, e o mundo de energia em movimento com o qual lidamos no nosso dia-a-dia. O centro da teia, é o vazio, o Espírito Criador, o Grande Mistério. Enfim, explicações têm muitas, mas devemos sempre lembrar que estes "objetos" não são simples objetos decorativos, eles são instrumentos de poder, são medicinas. Existem inclusive, vários tipos de teia. Os Chippewa utilizam uma teia muito similar à da aranha, em espiral, sendo que a sustentação desta teia em espiral está em 8 fios que correspondem às oito direções sagradas. Já os cherokees, trabalham com um filtro mais simples, onde há apenas uma pedra, geralmente no centro da teia, e uma única pena pendendo sob ele, pois acreditam que o filtro não pode ser muito "carregado" de objetos e penduricalhos para não desvirtuar sua função. Há ainda tradições que trabalham com o filtro na posição horizontal. Mas, enfim, cada tradição tem seu modo de confeccionar esta medicina. O interessante é que esta medicina surgiu em várias tribos que não mantinham contato direto umas com as outras, e vamos encontrar uma série de lendas a respeito disto.

Estas medicinas podem ser carregadas com um propósito, que ativamos ao construir o filtro, que é quando colocamos nosso espírito e nossa energia transformando-o em um instrumento de poder.

Além de todo o aspecto de instrumento de poder, o filtro é uma terapia incrível, pois ao fixarmos nossa atenção na medicina que estamos construindo, ela mexe com nossa energia, altera nossa consciência e também nos limpa, equilibra e nos faz recordar de Sonhos e propósitos esquecidos. Enfim, instrumentos de poder mexem com nosso interior, com nossa energia, e são canalizadores. Mas lembremos também que nunca devemos nos tornar instrumentos dos intrumentos, escravos de instrumentos, ou seja, não é o objeto que vai resolver uma série de coisas, ele apenas será veículo para nos por em contato com uma energia ancestral e com nosso intento. Também não nos livraremos de pesadelos, pois eles são aprendizado. O que o filtro basicamente faz é filtrar energias instrusas que podem interferir em nosso processo natural e pessoal do Sonhar e viajar pelo Tempo do Sonho, que é de onde vem grande parte do conhecimento de cada um de nós.

http://www.terramistica.com.br/

Filtro dos sonhos - veja o vídeo




terça-feira, 15 de maio de 2012

Casa: farinha e ralador | o universo da casa | os Galibi Kali'na - última parte

Com a matéria de hoje estamos encerrando a nossa  série POVOS INDÍGENAS DO OIAPOQUE. Esperamos que vcs tenham aperfeiçoado seus conhecimentos na causa indígena brasileira. Até a próxima série.




O processamento da mandioca, da qual existem muitas espécies, se realiza na casa de farinha, chamada naquela região de cabê (do francês carbet), uma pequena construção aberta, com teto de palha, edificada nas roças ou na cercania de um igarapé.
As mulheres de uma família extensa, muitas vezes com a ajuda dos homens, processam, cotidianamente, estes tubérculos para o consumo e a venda. A produção é enorme; algumas aldeias conseguem exportar, especialmente para a Guiana, no caso dos Palikur, mais de duas toneladas por mês.
O processamento da mandioca, da qual existem muitas espécies, se realiza na casa de farinha, chamada naquela região de cabê (do francês carbet), uma pequena construção aberta, com teto de palha, edificada nas roças ou na cercania de um igarapé.
As mulheres de uma família extensa, muitas vezes com a ajuda dos homens, processam, cotidianamente, estes tubérculos para o consumo e a venda. A produção é enorme; algumas aldeias conseguem exportar, especialmente para a Guiana, no caso dos Palikur, mais de duas toneladas por mês.


Imagem retirada do site
cpeleja.fotoblog.uol.com.br

As casas no Oiapoque são, na maioria, palafitas de plano retangular com paredes e assoalhos de tábuas de madeira. Uma pequena escada permite o acesso à entrada. Há, geralmente, uma ou várias divisões internas, separando a sala dos quartos de dormir. Normalmente, dormem em esteiras de junco cobertas por um grande mosquiteiro, onde repousam o casal e filhos pequenos. Hoje, também, usam redes e camas.
A cozinha é uma área parcialmente aberta, atrás da casa, onde há um fogão de barro e, às vezes, um fogão a gás. A “mesa” para a refeição é posta no chão, quando a família se reúne para comer o peixe assado ou fervido acompanhado de farinha, sal e tucupi.
Não há muita mobília nas casas. Hoje, entretanto, a maioria possui uma televisão e uma antena parabólica, além de um prosdócimo, como dizem os índios, ou freezer, que permite preservar alimentos e gelar bebidas.
No centro da casa de um pajé, encontra-se a tukay, lugar onde ele recebe seus clientes doentes, faz os diagnósticos e receita os remédios para a cura. A sessão de cura chama-se xitotó ou cantarola. A tukay é um espaço fechado por um grande mosquiteiro. Nela, há um pequeno mastro, além do banco zoomorfo e o pakará do pajé. Quando chama seus karuãna para diagnosticar uma doença, ele canta e fuma charutos.




Os Galibi vivem à margem direita do rio Oiapoque, na aldeia São José, situada no lado brasileiro. Estão localizados a 30 minutos de barco da cidade de Oiapoque e um pouco abaixo da cidade de Saint-Georges, situada no lado francês. A denominação Galibi também se refere aos índios que vivem na Guiana Francesa (3 mil índios aproximadamente), Suriname e Venezuela. Na Guiana Francesa, eles se denominam Kali’na.
O grupo que vive na aldeia São José do Oiapoque é composto por uma família extensa, chefiada pelo Senhor Geraldo Lod, que, em 1950, com a anuência das autoridades brasileiras, migrou de Mana, na Guiana Francesa, para o Brasil. São 45 pessoas, morando permanentemente na aldeia. Alguns vivem em Oiapoque, onde trabalham, sempre retornando à aldeia nos fins de semana e durante as férias.
A subsistência provém basicamente da agricultura. Todo homem Galibi que se preze tem uma roça bonita, da qual cuida diariamente junto com sua família. As “galettes” de mandioca são uma especialidade deste povo: é um tipo de beiju de mandioca ralada, bem grosso, e, quando seco, pode-se conservar durante meses.
A cosmologia indígena passou a englobar conhecimentos cristãos aprendidos nas missões. São católicos, havendo cultos todos os domingos.

Texto e imagens (exceto a imagem identificada) retirados do site http://oiapoque.museudoindio.gov.br/exposicao/oiapoque/

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Projetos: Desafios para o futuro - parte 12



 
O reconhecimento oficial das terras em que hoje vivem os Karipuna, Palikur, Galibi Marworno e Galibi Kali’na, homologadas em 1992, marca a passagem da luta pelo território para a luta por sua gestão.

Com o objetivo de assumir de maneira direta e autônoma a construção de seus destinos, foi fundada naquele mesmo ano a Associação dos Povos Indígenas do Oiapoque - APIO. Por meio desta associação, esses povos vêm buscando aplicar à educação, saúde e às intervenções desenvolvimentistas modelos adequados às suas especificidades culturais.

Atualmente, esses quatro povos decidiram que suas escolhas de desenvolvimento devem ser orientadas pela preocupação com a sustentabilidade. Com o apoio de parceiros não indígenas, estão desenvolvendo programas de gestão de seu patrimônio ambiental e cultural.

Imagem e texto retirados do site http://oiapoque.museudoindio.gov.br/exposicao/projetos/


quinta-feira, 10 de maio de 2012

Objetos de guerra - parte 11



A guerra era uma atividade constante na região que abrange, hoje, o norte do Amapá e parte da Guiana Francesa. Além dos conflitos entre grupos indígenas, havia os confrontos com os colonizadores franceses e portugueses, caçadores de escravos, piratas e empreendedores, ávidos das riquezas naturais da região.
No final do século XVI, são mencionadas guerras localizadas na região setentrional do Amapá, que se davam entre grupos de língua Aruak e Karib. A importância destas guerras pode ser medida pela sua presença em diferentes versões de um mito que narra a guerra entre os Palikur e Galibi. Nestes relatos, aparecem os artefatos aqui expostos e que os artesãos Palikur continuam fabricando, com base na memória coletiva destes fatos históricos.
A narrativa mítica menciona também as “armas espirituais”, utilizadas pelos pajés, como o famoso Uruçu (“acima dele, só Deus”, diz um especialista de Kumarumã), que combatia os inimigos graças ao auxílio de seus karuãna, de sua capacidade de metamorfose e conhecimentos de plantas para a fabricação de venenos mortais.
Faziam parte, ainda, do cenário guerreiro a ornamentação – a pintura corporal, a plumária, a decoração dos escudos de madeira –, os gestos e, especialmente, os desafios guerreiros cantados com o acompanhamento das flautas de osso. Como dizem os índios, “eles se abusavam”.

Imagem e texto retirados do site http://oiapoque.museudoindio.gov.br/exposicao/guerra/
 

POR DENTRO DOS FATOS / ATENDIMENTO AO PÚBLICO ESCOLAR DO RJ


Veja o público estudantil do estado do Rio de Janeiro que o Núcleo de Atendimento ao Público Escolar/NUAPE do Museu do Índio, atendeu, de janeiro a Abril de 2012 :

Janeiro: 10 escolas públicas /332 pessoas
                    3 escolas particulares /63 pessoas

                                            Fevereiro: sem atendimento

                             Março:18 escolas públicas /784 pessoas
                                         16 escolas particulares /673 pessoas

                             Abril:  46 escolas públicas /1.487 pessoas
                                        105 escolas particulares / 3.896 pessoas

TOTAL DETALHADO: 74 escolas públicas / 2.603 pessoas atendidas
                                       124 escolas particulares / 4.632 pessoas atendidas

TOTAL GERAL:          198 escolas com 7.235 atendimentos

Fonte: Relatórios mensais do NUAPE/MI, arquivados e disponíveis para pesquisa.


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Objetos: marcas e grafismos | colheres de madeira | cuias | cestaria | esculturas - parte 10



As marcas (mac, em patoá) formam um conjunto expressivo e específico de motivos decorativos, pintados, gravados, trançados e recortados, em diferentes suportes e objetos da vida cotidiana ou cerimonial. Apesar da grande padronização dos motivos, cada artesão tem seu estilo, sua excelência técnica e artística. Novas marcas podem ser inventadas e algumas, meio esquecidas, relembradas.
Tradicionalmente, estas marcas são sempre motivos geométricos, abstratos e nomeados. Representam, enquanto ícones, espécimes da flora e da fauna, especialmente a pele, as escamas, cascos e rastros de animais, cascas de árvores e elementos naturais, como estrelas ou nuvens. Atualmente, há desenhos mais figurativos, reproduzindo cenas do cotidiano, da mitologia ou copiados de revistas e livros.
Os homens sonham as marcas ensinadas pelas entidades (karuãna), geralmente pela mediação do pajé, que as repassa para os artesãos responsáveis pela manufatura de mastros e bancos cerimoniais. As mulheres dizem seguir a tradição ou fazer algo orientado pelo seu próprio espírito. Um acervo convencional, mas aberto a variações e novos padrões.
Quando as marcas são pintadas, os artesãos usam cores naturais de origem vegetal ou mineral, especialmente o urucu, o jenipapo e cumatê, ou corantes comprados no comércio de Oiapoque. O matizado da cestaria é obtido passando o preto da fuligem nas talas de arumã.
As colheres de madeira (cuiê em patoá e kuyérahá em palikur) são artefatos típicos da região do Uaçá. Os homens fabricam a colher com madeira de jenipapo e as mulheres se responsabilizam pela pintura feita com a tinta preta de cumatê, extraída da casca de uma árvore. São confeccionadas em vários tamanhos: as maiores são utilizadas no preparo da alimentação para as grandes festas ou assembléias gerais e as menores servem para o preparo das sopinhas do bebê. Os artesãos retiram da fauna local a inspiração para a confecção dos diferentes tipos de colheres.


As cuias são objetos simples, leves, redondos e aconchegantes. Pintadas, marcadas, desenhadas, propiciam múltiplos usos na vida cotidiana, ritual e religiosa. Cuias grandes são para servir o xibé (bebida de água e farinha, refrescante e nutritiva) ou o caxiri (bebida fermentada) durante as festas do Turé, do Tambor, do Divino Espírito Santo e de Santa Maria. No dia a dia, as cuias são usadas para comer ou para servir farinha, tapioca, tucupi, açaí, bacaba ou tacacá. Servem, ainda, para pegar água ou para guardar miudezas, como sementes ou miçangas.


Os povos indígenas do Oiapoque dominam a arte da cestaria e com ela produzem peneiras, tipitis, esteiras, abanos, cestos, jamaxins e suportes para ornamentos plumários. Cada um desses objetos exige que o cesteiro tenha conhecimentos muito precisos sobre as matérias-primas a serem utilizadas e sobre o ato de entrecruzar as fibras.
Muitas marcas e desenhos tradicionais são reproduzidos na cestaria, seja pelo próprio modo de entrecruzar as talas de arumã ou pelo uso contrastivo de fibras de cor natural e pintadas de preto ou vermelho, que produzem desenhos matizados.


Esculturas em madeira são uma das atividades mais expressivas entre os povos indígenas do Uaçá. Trabalhar a madeira é uma tradição na região. Entre os esculpidos, sobressaem-se os bancos que representam os bichos da natureza e seus espíritos, os karuãna, sob a forma de aves especialmente, mas também cobras e jacarés. Os bancos maiores são utilizados durante o Turé e os menores são do pajé, quando ele oficia, durante as curas e as festas.
A madeira mais usada para essas esculturas é o louro. Elas são recobertas de pinturas, elaboradas com tintas nativas, e com desenhos como o kuahi, dãdelo
e com desenhos como o kuahi, dãdelo, kaho, lakãsiel (arco-íris), estrela d’alva, além das marcas iarari (as nuvens da aurora), macoco (pontinhos), desenhos e esculturas de estrelas wakuramõn e adamnã (pintura corporal). As formas e os desenhos são sonhados pelo pajé, de acordo com o Turé e os bichos da mata e do fundo que ele quer homenagear. Muitos artistas também esculpem representações em miniatura de bichos, especialmente aves, para enfeite e venda de artesanato. Neste caso, cada artista exercita sua criatividade.

Imagens e textos retirados do site http://oiapoque.museudoindio.gov.br/exposicao/objetos/

terça-feira, 8 de maio de 2012

Pintura: Mito da Origem das Pinturas | As pinturas corporais - parte 9




“É a história de Sini Kapukuia, o rei das lagartas que trouxe as pinturas. Uma moça, de resguardo, estava na roça. De tarde, Sini Kapukuia apareceu à sua frente, transformado em homem muito bonito. Ela quis saber como eram feitas as belíssimas pinturas de seu corpo. Ele respondeu que lá na tribo dele, eles só andavam com essa roupa e que iria lhe ensinar. Ficaram namorando.
Um dia levou-a no mato, mas ao subir na árvore de jenipapo, foi se transformando em lagarta. A moça levou um susto ao perceber que ele não era um homem verdadeiro e foi chamar seus irmãos, que flecharam e mataram Sini Kapukuia. Ele morreu como pessoa, se transformou e partiu, mas a capa do corpo dele ficou no chão e o povo ficou admirando e copiando aqueles lindos desenhos e belas cores. Foi assim que começaram a pintar”.


Durante o Turé e cerimônias mais formais, os índios do Uaçá usam pinturas de urucum, de cor vermelha, especialmente na face e nos braços, que aplicam com um pincel de bambu e chumaço de algodão.
Os Palikur utilizam carimbos (kowangbet), esculpidos na madeira, com diferentes marcas. Os padrões gráficos dos carimbos palikur podem ser uma escama de peixe pirarucu, marcas da serpente cascavel, marcas de borboleta (kuyuw), pontinhos representando a marca da onça (kawo kwire), marca do caminho do caramujo (warasus ahinag) e marca da serpente kaybune.
Os Karipuna, na pintura dos braços, utilizam o suco da fruta de jenipapo, misturado com carvão, uma mistura que adere perfeitamente à pele do corpo.
As pinturas do corpo aqui representadas foram elaboradas por um jovem Karipuna que vem se dedicando à recuperação da arte gráfica. Ele diz ter aprendido a pintar com sua avó.

Imagens e texto retirados do site http://oiapoque.museudoindio.gov.br/exposicao/pintura/

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Cerâmica: potes do caxiri - parte 8



A região do norte do Amapá é rica em vestígios arqueológicos de cerâmica, especialmente a fase Aristé, século V d.C., de grande beleza e grande diversidade de formas. Atualmente a situação é bem diferente. Os únicos que produzem cerâmica na região são os Palikur. A tradição cerâmica das artesãs palikur consiste essencialmente na fabricação de grandes potes (daiwuit nobsesa) de diversos tamanhos, para o preparo do caxiri, e potes menores (tukutku), para o consumo da mesma bebida. O caxiri, sempre preparado pelas mulheres, é consumido em todas as aldeias da região: Karipuna, Galibi Marworno, Galibi e menos entre os próprios Palikur, que aderiram à religião Pentecostal. Neste contexto, eles são os únicos fornecedores destes potes para todas as comunidades indígenas da região.
Produzir cerâmica é uma atividade que envolve toda a família. O homem conduz a canoa até o local da retirada do barro, mergulha no poço e traz, do fundo, a massa lisa de argila que será moldada pela mulher. Ele providencia a casca da árvore que será queimada, transformada em cinza, pilada pela esposa e acrescentada à argila.
Com olhar atento e mãos experientes, é a mulher quem molda e dá forma à cerâmica, produzindo vários tipos de recipientes. Pequenos roletes de barro vão sendo unidos, justapostos e alisados. De baixo para cima, o objeto vai, aos poucos, surgindo. Depois de seco, o recipiente vai para queima. O homem e a mulher preparam a fogueira, ajeitando com cuidado os objetos a serem queimados. Das cinzas sobressaem as belas vasilhas, com suas formas e cores bem definidas.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

PROJETO CARIOQUINHA 2012


Projeto Carioquinha 2012
04 de maio a 05 de junho

O Museu do Índio participará, mais uma vez, do Projeto Carioquinha, que tem como objetivo incentivar os moradores do Rio de Janeiro a conhecer os pontos turísticos mais importantes da cidade.
 
Durante o período de 4 de maio a 5 de junho, todo visitante do Museu do Índio, nascido ou morador da cidade do Rio de Janeiro ou Grande Rio (Região Metropolitana) terá direito aos benefícios a seguir:
 
1 – GRATUIDADE nas visitas, realizadas nos SÁBADOS, à exposição A Presença do Invisível;
2 – Os visitantes, que vierem ao Museu do Índio nos SÁBADOS e DOMINGOS, receberão, cada um, UM CARTÃO POSTAL TEMÁTICO, como brinde.

NUCOM/MI

Maracás: chamando os espíritos - parte 7






Os maracás são instrumentos de percussão de uso nos rituais, especialmente no Turé. São feitos de frutas da cuieira de tamanho pequeno. Sementes caxaicó são colocadas no seu interior para produzir o som desejado. Na altura do cabo com a cuia, são fixados tufos de penas de arara, garça e papagaio, recortadas de forma dentilhada, segundo o padrão dãdelo.
Todo pajé usa o maracá nas sessões de cura para chamar seus espíritos auxiliares, os karuãna. Pajés antigos possuíam tipos diferentes de maracá, sempre guardados no cesto paghá ou pakará. Enquanto o pajé diagnostica a doença de um cliente, um maracá de cabo longo é colocado na entrada da casa, do lado de fora, como garantia. Este instrumento era muitas vezes herdado de seus antepassados.
Os maracás de cabo longo são utilizados pelas mulheres durante a dança do Turé. Batem-no no chão com força para marcar o ritmo, enquanto os homens tocam os clarinetes turé.
O maracá acompanha todos os cantos de aves, borboletas, vaga-lumes, caranguejos e, especialmente, o canto do negro, um encantado que cuida dos porcos do mato.
Durante o Turé, no lakuh, diz-se que o maracá se transforma em entidade, bebe caxiri e dança. No fim do ritual, ele representa a cabeça da cobra que, com movimentos ondulados, é reconduzida para o fundo da água ou da mata, seu habitat no mundo sobrenatural.

Texto e imagem retirados do site
http://oiapoque.museudoindio.gov.br/exposicao/maracas/

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Plumária: O pouso dos espíritos - parte 6

Plumária: o pouso dos espíritos
Os povos do Oiapoque elaboram sofisticados ornamentos de plumária na forma de coroas radiais, chapéus e pingentes.
O chapéu (xapo ou plumaj em patoá e iuti em palikur) é o ornamento plumário mais prestigiado entre os Galibi Marworno, Palikur e Karipuna. Ele é usado, essencialmente, durante o Turé pelos homens ou em alguma comemoração especial, como nas festividades da Semana do Índio (em abril), nas assembléias políticas, na visita de uma autoridade ou em alguma solenidade importante. É o emblema da “indianidade” destes povos.
Antigamente, a ornamentação do cobre-nuca de miriti consistia em motivos geométricos, especialmente dos padrões dãdelo, kuahi e macoco. Hoje, como no caso das cuias, este espaço é usado como suporte para manifestações plásticas das mais variadas, evidenciando novas formas de expressão artística: cenas mitológicas, representação de animais ou reprodução de imagens de capa de revista.
As longas penas de arara e de garça branca, no alto do chapéu, são chamadas de penas-espírito. Durante o Turé, os karuãna vêm pousar nelas para participar da festa.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Astronomia: Mito da Origem do Mundo | Cosmos e Astronomia - parte 5

Continuando a nossa série Vida Cotidiana e Ritual entre os Povos Indígenas do Oiapoque iremos conhecer um pouco da mitologia desses Povos.



Mito da Origem do Mundo
A história diz que o primeiro homem nasceu dentro do mar. Só tinha ele e mais nada. Chamava-se Parauyune. Aquele homem vivia, sem forma, dentro de um pote, de uma bacia.
Um dia ele disse: “Eu queria ver alguma coisa flutuando em cima da água ou então um ar, que esteja bonito para respirar”. De repente, ele escutou uma voz que disse: “Observa, olha direito para cima”. Aí ele olhou e a água se transformou. Parauyune disse: “Que maravilha, é isso que eu estava esperando mesmo”. Ele viu aquelas plantas que nasciam dentro da água. Quando ele piscou um pouco o olho, ele viu a terra e disse: “Que bom”. E desde então todas as coisas foram aparecendo, se transformando, se transformando.
Um dia ele observou o sol nascendo da água. Viu também uma nuvem sair da água. No mesmo dia a água subiu do mar. Foi subindo e indo parar no céu. “Que bom! Que maravilha! Mas eu gostaria que a água que fica no mar subisse e descesse”, ele disse. Então a água começou a subir. De repente, quando chegou a uma certa altura, a água se separou: metade foi subindo para o céu e a outra metade descendo. “O meu desejo é que a água subisse e descesse como chuva”, disse Parauyune. Quando ele disse isso, aí choveu, a água desceu como chuva.
Narrador: Manoel Labonté Palikur.



Cosmos e Astronomia
Um dos temas recorrentes na mitologia e cosmologia dos Povos Indígenas do Uaçá é a água: a chuva – símbolo de vida e renovação –, o mar, os lagos e o fundo dos rios – local onde vivem os sobrenaturais.
Para os Palikur, a Cobra de Sete Cabeças vivia antigamente na terra. Ela não gostava de mau cheiro. Um dia, uma mulher menstruada foi tomar banho no rio onde a Cobra morava. Esta ficou revoltada e decidiu ir embora. O corpo da Cobra perguntou às Sete Cabeças onde gostariam de morar. Todas, individualmente, responderam que gostariam de ir ao céu, ‘porque lá é tranqüilo e tem de tudo’. Para a viagem, decidiram pegar alguém para acompanhá-las. Um jovem pajé aceitou o convite. ‘Pode entrar no barco’, disse a Cobra. Mas o barco não era um barco, era uma Cobra Grande. O pajé subiu na cabeça da Cobra e ficou em pé. Uma vez no céu e a Cobra de Sete Cabeças instalada, o pajé disse: ‘Quando for dia de chuva, tu vais aparecer para todos te observarem da terra. Aos que olharem para o céu, aparecerás como estrela’. O pajé se despediu da Cobra e foi embora. Aí, na época da chuva, a chuva começou a cair e depois passou. São as Sete Estrelas, Laposiniê.
Kayeb, a grande cobra bicéfala, está entre as constelações mais importantes na astronomia Palikur, porque, diz-se, o Kayeb traz as primeiras chuvas que marcam o fim da estação seca e coincidem com o solstício de dezembro. Ao longo dos sete meses que se seguem, quatro diferentes chuvas sucedem-se, cada uma delas associada com os movimentos de nove constelações específicas. É a chuva do Kayeb que marca o tempo do plantio da mandioca, as cheias do rio Urucauá e o começo do ciclo úmido anual naquela região.