segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Estereótipos indígenas e a programação infantil das mídias





Marina Cândido Marcos, indígena Terena, nasceu em Campo Grande-MS, estudante de Geografia, pela Universidade Federal da Grande Dourados/UFGD
 Os estereótipos são as manifestações das mais antigas em nossa cultura, pois estão nos contos de fadas, nas narrativas populares e na medida em que ela vem sendo repetida ao longo dos tempos se tornam frases feitas e vem ao nosso primeiro pensamento.  
E, isso acontece com os povos indígenas, com os “indiozinhos da floresta”, através da mídia, pela própria escola e pela nossa própria cultura familiar. Para exemplificar, temos os desenhos infantis, programas, etc.
Os desenhos infantis trazem uma séria de estereótipos relacionados ao índio, como vemos por exemplo o Pica Pau, em que ele traz o índio americano de forma deturpada, fazendo a “dança da chuva”, usando as palavras “mi” “quer” e reforça o estigma do índio americano, peles-vermelhas, colocando assim como sendo uma única cultura. 
O programa Cocoricó traz um vídeo chamado “Tudo mundo fala a língua de índio”, que traz este estigma e sem falar na famosa música da Xuxa, e que todo dia 19 de abril toca nas escolas, com crianças pintadas de índio e fazendo danças em círculos.
Atualmente tem um DVD muito famoso chamado galinha pintadinha que traz uma música intitulada “Indiozinhos” – “1,2,3 indiozinhos…” E, traz uns macaquinhos pendurado na árvore fazendo “úúúúú” com a mão sobre a boca.
 Isso só vem reforçar na mente infantil os estereótipos do índio, como colocada na música, o indiozinho na canoa e com os macaquinhos cantando! E isso acaba naturalizado na mente das crianças, se tornando senso comum.
Há um grande número de material didático que conta a história dos povos indígenas, é desse material que as escolas precisam. Exemplo como: o Vídeo nas Aldeias é um projeto que traz uma série de vídeos sobre a cultura indígena e assim fortalecendo suas identidades indígenas. 
Livros como dos escritores indígenas Daniel Munduruku, Olivio Jekupe Yaguarê Yamã, Roni Wasiry, entre outros, que trazem a literatura infantil indígena.
 E o grupo da qual faço parte juntos com outros acadêmicos indígenas, que é o Índio Educa (www.indioeduca.org), um portal que tem como foco, trazer a cultura indígena, a partir de nossa visão, e pode ser encontrado diversos materiais didáticos, e pode ser aproveitado pelos professores e alunos. Temos uma lei que obriga a incluir o ensino “Historia e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”, porém é pouco explorado em sala de aula. É importante estar criando esse diálogo com a sociedade, começando em sala de aula, pois é lá que os alunos acabam por fantasiar a figura do “índio genérico”. 
Acredito que trabalhos como dos escritores indígenas, dos vídeos, do Grupo Índio Educa, só vem a trazer uma nova visão para os não indígenas, e estar desconstruindo essa visão estereotipada com a história e cultura indígena.  
http://www.indioeduca.org/?p=1750

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