Para o transporte de víveres, para guardar
seus pequenos objetos, os recipientes de palha são geralmente usados entre os
índios. As formas dos cestos, o tipo de palha de que são feitos, o cuidado de
sua execução variam de sociedade para sociedade. Há estilos bem definidos de
trabalho em cestaria, de modo que, se um etnólogo examina um cesto, pode dizer
em que região ou mesmo em que sociedade foi confeccionado.
De um modo
geral, o trançado indígena pode ser classificado em duas grandes classes. Uma é
a dos costurados, dos quais podemos tomar por exemplo aqueles cestos feitos com
um talo, uma palha ou um feixe de talos ou palha que vai sendo disposto em
forma de espiral a partir do seu centro, de modo que cada volta mais externa é
ligada, amarrada com ajuda de outro talo ou palha de menor espessura, à volta
mais interna.
A outra
classe é dos entretrançados, entre os quais se contam os cestos formados de uma
série de talos ou palhas, colocados paralelamente, que servem de urdidura,
enquanto uma outra série forma a trama. Estes dois tipos gerais permitem muitas
variações, que tornam ainda mais numerosas quando se lança mão da cor,
entremeando palhas claras e palhas tingidas. A taxonomia do trançado elaborada
por Berta Ribeiro (1985) caracteriza os vários subconjuntos em que se desdobram
essas classes é dá uma idéia da imensa variedade de formas que se obtêm com a
utilização dos mais diversos materiais.
Com a
técnica do trançado não somente se confeccionam cestos, mas também outros
artefatos, como, por exemplo, as esteiras para as mais diversasa utilidades:
servem para forrar o leito, o chão em que se quer sentar ou realizar uma tarefa
culinária; servem para cobrir os alimentos; são usadas na confecção de
máscaras; servem de tapumes temporários ou chegam a fazer parte de paredes.
Tipóias e diademas, guarnecidos ou não de penas, embornais e bolsas flexíveis
também se fazem de palha trançada.
Dobrando uma
fita de palha sobre si mesma, os índios bororos podiam representar figuras de
homem e mulher e os índios do alto Xingu, figuras de animais (Stein, 1940, pp.
355-356). Mas as dobraduras talvez não se incluam na categoria trançado, pois
consistem na manipulação de um único item.
Melatti,
Júlio Cezar
Índios
do Brasil/ Julio Cezar Melatti – São Paulo,
Editora da universidade de São Paulo, 2007
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