Enviado por kamayuramaster em 24/06/2008 11:45:06
Imagem:
Marcelo Dutra
Ascom/Ibama/AM
Fotos: Anete Amäncio e Reinaldo Zuardi
Manaus (20/06/2008) - Servidores do Ibama do Amazonas em parceria com a FUNAI, reuniram 11 índios Saterê-Maué com outros 30 líderes dos Hixkaryana na aldeia Riozinho da etnia Hixkaryana. Durante 10 dias, indígenas, servidores do Ibama e da FUNAI trocaram experiências e participaram do Curso de Agente Ambiental Voluntário, que contou com tradução simultânea para a língua Hiskaryana. Entre as atividades, os índigenas tiveram a chance de ver, pela primeira, seções de cinema, montadas na maloca central, onde assistiram filmes educativos com foco na questão ambiental.
Durante os dez dias de convivência com os indígenas, a equipe do Ibama realizou um diagnóstico simplificado da fauna da Terra Indígena Nhamundá-Mapuera. O biólogo Agenor Vicente realizou diversas incursões na selva e constatou a redução drástica de populações de macacos e diversas aves.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Agentes Ambientais Voluntários do Ibama, Ante Barroso, durante todo o curso, incluindo dois dias de viagem até as aldeias, nenhuma arara, papagaio ou mesmo o gavião-real, muito comuns naquela região, foram vistos. “Nossos indígenas sabem que se não acharmos alternativas econômicas, esses animais vão acabar sumindo da região. Quando não existe cuidado com o meio ambiente, o primeiro que sofre é quem convive com ele”, afirmou Anete.Programa Agentes Ambientais Voluntários e campanha “Não Tire as Penas da Vida” transformam indígenas infratores em parceiros ambientais
Ao final da oficina de capacitação (13/06), as lideranças indígenas reconheceram que a caça para fins comerciais gera impactos negativos sobre a fauna da Terra Indígena e se mostraram dispostos a encontrar alternativas econômicas que não representem ameaças. Diversos Tuchauas (líderes das etnias) declaram que as tribos vão trabalhar projetos sustentáveis, como criação de peixes e extração de essências e óleos naturais, deixando de depender do comércio de partes de animais silvestres e colaborando com o órgão federal de meio ambiente no combate a esses ilícitos.
Para o Superintendente do Ibama no Amazonas, Henrique Pereira, a conscientização desses indígenas mostra que a educação ambiental é o maior aliado do projeto Não Tire as Penas da Vida. “Fica o exemplo. Resta agora aos turistas, tanto de Manaus quanto de outros locais que vão ao Festival de Parintins que façam a sua parte. Não adianta cantar a natureza se não ajudar nessa luta. Não comprem artesanato com penas de animais silvestres. A vida agradece”, disse o Superintendente.
Por incrível que pareça o Festival Folclórico de Parintins já foi considerado a “festa da morte”. Isso porque enquanto toadas cantavam a preservação da Amazônia, com letras que protestavam contra o desmatamento, a caça de animais silvestres, o aquecimento, a fumaça, e por aí afora, dezenas de milhares de animais eram abatidos para enfeitar peças tanto dos bumbás, quanto das alegorias vendidas aos turistas pouco interessados na preservação decantada da festa. Só pra se ter uma idéia, em 2002, o Ibama e a FUNAI catalogaram em Parintins no período do festival, cerca de 30 mil peças artesanais com partes da fauna local, o que representa cerca de 3400 araras abatidas entre quase 7000 animais silvestres mortos. Em 2003, esses números subiram para algo em torno de 50 mil peças, representando outros 12 mil animais abatidos, mais da metade araras e papagaios.
A parceria pela preservação nasceu com a campanha “Não Tire as Penas da Vida”, em 2002. Os primeiros a abolir o uso de penas, ossos, couros e peles de animais silvestres foram os bumbas Garantido e Caprichoso, que passaram a utilizar materiais sintéticos e penas de galinhas nas suas alegorias. As empresas de turismo também aderiram à campanha pela vida. Faltava envolver definitivamente as comunidades indígenas da região, principalmente Hixkaryana, Sateré e Waiwai, que permaneceram no comércio ilícito. Para os indígenas, a campanha havia surtido pouco efeito, pois ainda foram registradas vendas de artesanato no ano passado. Nos anos de 2004 a 2006, com as operações de fiscalização, o número de peças com partes de animais silvestres foi reduzido em mais de 80%. Mas apesar da queda, milhares de animais continuaram sendo abatidos para esse mercado ilegal.
A primeira tentativa de sensibilizar os indígenas foi realizada em 2007, quando uma equipe do escritório regional do Ibama em Parintins realizou um encontro com as lideranças indígenas na Terra Indígen Namundá-Mapuera. Na semana passada o Ibama do Amazonas utilizou sua melhor arma para buscar a solução do problema.
Texto:
http://www.kamayura.org/modules/news/article.php?storyid=38
Durante os dez dias de convivência com os indígenas, a equipe do Ibama realizou um diagnóstico simplificado da fauna da Terra Indígena Nhamundá-Mapuera. O biólogo Agenor Vicente realizou diversas incursões na selva e constatou a redução drástica de populações de macacos e diversas aves.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Agentes Ambientais Voluntários do Ibama, Ante Barroso, durante todo o curso, incluindo dois dias de viagem até as aldeias, nenhuma arara, papagaio ou mesmo o gavião-real, muito comuns naquela região, foram vistos. “Nossos indígenas sabem que se não acharmos alternativas econômicas, esses animais vão acabar sumindo da região. Quando não existe cuidado com o meio ambiente, o primeiro que sofre é quem convive com ele”, afirmou Anete.Programa Agentes Ambientais Voluntários e campanha “Não Tire as Penas da Vida” transformam indígenas infratores em parceiros ambientais
Ao final da oficina de capacitação (13/06), as lideranças indígenas reconheceram que a caça para fins comerciais gera impactos negativos sobre a fauna da Terra Indígena e se mostraram dispostos a encontrar alternativas econômicas que não representem ameaças. Diversos Tuchauas (líderes das etnias) declaram que as tribos vão trabalhar projetos sustentáveis, como criação de peixes e extração de essências e óleos naturais, deixando de depender do comércio de partes de animais silvestres e colaborando com o órgão federal de meio ambiente no combate a esses ilícitos.
Para o Superintendente do Ibama no Amazonas, Henrique Pereira, a conscientização desses indígenas mostra que a educação ambiental é o maior aliado do projeto Não Tire as Penas da Vida. “Fica o exemplo. Resta agora aos turistas, tanto de Manaus quanto de outros locais que vão ao Festival de Parintins que façam a sua parte. Não adianta cantar a natureza se não ajudar nessa luta. Não comprem artesanato com penas de animais silvestres. A vida agradece”, disse o Superintendente.
Por incrível que pareça o Festival Folclórico de Parintins já foi considerado a “festa da morte”. Isso porque enquanto toadas cantavam a preservação da Amazônia, com letras que protestavam contra o desmatamento, a caça de animais silvestres, o aquecimento, a fumaça, e por aí afora, dezenas de milhares de animais eram abatidos para enfeitar peças tanto dos bumbás, quanto das alegorias vendidas aos turistas pouco interessados na preservação decantada da festa. Só pra se ter uma idéia, em 2002, o Ibama e a FUNAI catalogaram em Parintins no período do festival, cerca de 30 mil peças artesanais com partes da fauna local, o que representa cerca de 3400 araras abatidas entre quase 7000 animais silvestres mortos. Em 2003, esses números subiram para algo em torno de 50 mil peças, representando outros 12 mil animais abatidos, mais da metade araras e papagaios.
A parceria pela preservação nasceu com a campanha “Não Tire as Penas da Vida”, em 2002. Os primeiros a abolir o uso de penas, ossos, couros e peles de animais silvestres foram os bumbas Garantido e Caprichoso, que passaram a utilizar materiais sintéticos e penas de galinhas nas suas alegorias. As empresas de turismo também aderiram à campanha pela vida. Faltava envolver definitivamente as comunidades indígenas da região, principalmente Hixkaryana, Sateré e Waiwai, que permaneceram no comércio ilícito. Para os indígenas, a campanha havia surtido pouco efeito, pois ainda foram registradas vendas de artesanato no ano passado. Nos anos de 2004 a 2006, com as operações de fiscalização, o número de peças com partes de animais silvestres foi reduzido em mais de 80%. Mas apesar da queda, milhares de animais continuaram sendo abatidos para esse mercado ilegal.
A primeira tentativa de sensibilizar os indígenas foi realizada em 2007, quando uma equipe do escritório regional do Ibama em Parintins realizou um encontro com as lideranças indígenas na Terra Indígen Namundá-Mapuera. Na semana passada o Ibama do Amazonas utilizou sua melhor arma para buscar a solução do problema.
Texto:
http://www.kamayura.org/modules/news/article.php?storyid=38
Imagem:
http://renctas.org.br/en/informese/noticias_nacional_detail.asp?id=2817 |
Marcelo Dutra
Ascom/Ibama/AM
Fotos: Anete Amäncio e Reinaldo Zuardi
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