A escolha do corpo e das representações a ele associadas não é aleatória. O corpo é mais que um instrumento de produção da vida diária indígena, é material simbólico pelo qual se produzem idéias, valores éticos e estéticos. O corpo é produzido, fabricado, constituído pela sociedade. É cortado, adornado, nomeado, perfurado, pintado, tornando-se mais do que corpo. Ganha, assim, uma imaterialidade, traduzida naquilo que se liga a ele, nas suas produções no mundo, naquilo que o anima, a alma. O corpo nasce, o corpo vive e o corpo morre... e nasce... Este é o caminho que o olhar sobre o corpo conduz: do nascimento à morte, da vida material à vida imaterial. O parto, a infância com suas brincadeiras e a nomeação constituem fases importantes na modelação corporal. A adolescência e os rituais de preparação do corpo para a sociedade definem mais uma etapa em sua produção. O corpo maduro é retratado pelo casamento, pintura corporal para fins rituais, uso de adornos plumários, máscaras, armas de caça e guerra. O corpo é matéria-prima, suporte das pinturas, das máscaras e dos adornos, podendo ele próprio ser transformado em troféu de guerra: cabeça reduzida, ícone da modelação corporal e transformação cultural que sofre o corpo. Se a doença e a morte encerram o ciclo vital da corporalidade, apontam, também, para direções que transcendem a materialidade corporal. As viagens do xamã para curar o corpo doente descortinam outros mundos, outros céus: dos espíritos, do depois da morte. Morrer é se transformar em onça imortal, é não morrer, é reviver através de outra forma de materialidade corporal. Texto: Marco Antônio Gonçalves Fonte: folder da exposição Corpo e Alma Indígena/MI Educação Pesquisa Escolar |
Este blog é iniciativa do Serviço de Atividades Culturais do Museu.Ligado ao SEAC temos o Núcleo de Produtos Culturais/NUPROC, que oferece coleções etnográficas para escolas e instituições culturais sob a forma de empréstimo.O Núcleo de Atendimento ao Público/NUAP, também ligado ao SEAC, promove o agendamento de visitas guiadas para escola e grupos às áreas expositivas. Venha conhecer o Museu, divirta-se e conheça mais sobre os nossos povos indígenas.
quarta-feira, 14 de março de 2012
O simbolismo do corpo na cultura indígena
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