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Imagem retirada do site http://img.socioambiental.org/v/publico/asurini-do-xingu/ |
Ritual
O Tauva e o Turé (ritual da flautas) fazem parte do mesmo conjunto cerimonial, sendo realizados ao mesmo tempo, entre a estação da chuva e a estação da seca. Trata-se de ritual com significado cosmogônico, que atualiza o mito de origem, cujo principal personagem é a cobra. De quem descendem os humanos.
Durante seu desenrolar, em várias sessões num período que pode durar até quatro meses, relacionam-se diferentes instituições sociais, tais como a iniciação dos jovens, a guerra e a celebração dos mortos. Os ritos da tatuagem do guerreiro e do choro sobre a sepultura dos mortos, no interior da casa comunal, são ações finais do conjunto ritual.
A tatuagem do guerreiro no espaço e sob a proteção de Tauva remete ao mito dos irmãos Iovaí e Tauva. Tauva é a mulher que recebe, de seu amante, o ensinamento do cultivo. Seu parceiro é morto por seu irmão, que descobre os encontros que mantinham na roça, fora da aldeia.
A relação antagônica entre cunhados se encontra, neste mito, associada ao poder feminino de domínio da agricultura e, ao mesmo tempo, à sua separação dos atos da guerra. O irmão Iovaí é chamado guerreiro, no mito, e é abandonado pela irmã que desaparece nas águas do rio, depois de descobrir que o irmão assassinara seu parceiro. O irmão que pede, no mito, para sua irmã não ir embora, encontra-se agora com ela, para que, através da tatuagem, tire de seu próprio corpo o sangue do morto (do cunhado). Neste processo, sua vida é protegida pelo recebimento da substância vital ynga, tomando do espírito Tauva que se aloja na grande panela de cerâmica, a tauvarukaia, construídano interior e centro da grande casa comunal, ao lado das sepulturas.
Ao redor da grande panela, chora-se os mortos, os guerreiros são tatuados e os jovens são iniciados à guerra, pulando sobre a mesma e ingerindo o mingau a ser vomitado.
Retirado do catálogo da exposição RITUAL DA IMAGEM/ARTE ASURINI DO XINGU /REGINA POLO MÜLLER/MUSEU DO ÍNDIO/FUNAI/2009
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