quarta-feira, 27 de junho de 2012

Cultura do grafismo indígena Wai-Wai é mapeada na Caravana Pro Paz



25/06/2012
Da Redação
Agência Pará de Notícias
Neide Enuri Wai-Wai, 37 anos, trabalha com a confecção de peças artesanais que reproduzem a cultura indígena Wai-Wai, e com essa atividade provêm o sustento de sua família. Josué Wai Wai, 23 anos, também é artesão e custeou toda a sua formação educacional a partir da comercialização das peças que retratam o grafismo da cultura Wai-Wai. Os dois são moradores de Oriximiná, na região do Baixo Amazonas, e participaram das atividades ofertadas pela Caravana Pro Paz Cidadania Presença Viva neste domingo, último dia de ação no município.


A Fundação Curro Velho reuniu os dois artesãos para um trabalho de aperfeiçoamento das técnicas de grafismo Wai-Wai, que serão utilizadas nas oficinas ministradas a crianças e adolescentes na sede da instituição, em Belém. Neide e Josué também foram cadastrados no banco de dados do Instituto de Artes do Pará (IAP), que vem fazendo um levantamento da produção artística em todas as suas vertentes no Estado. Os Wai-Wai vivem na área indígena Nhamundá-Mapuera, situada na fronteira do Pará com o Amazonas. A população tradicional soma aproximadamente 1.250 indivíduos.


Neide Wai-Wai deixou a Aldeia Takará, no Baixo Amazonas, em busca de melhores condições de educação para os três filhos. Ela desenvolveu a técnica do grafismo Wai-Wai observando o trabalho feito pela mãe. “Na aldeia, ainda crianças nós aprendemos a fazer artesanato, enquanto os homens fazem cestos e bancos”, explica. Quando mudou para a cidade de Oriximiná com sua família ela começou a utilizar as técnicas aprendidas na aldeia para a produção e comercialização de peças artesanais, como forma de garantir o sustento dos quatro filhos.


Foi com essa atividade que ela conseguiu educar os quatro filhos, inclusive o mais velho, que cursa Medicina na Universidade Federal do Pará (UFPA), e da segunda filha, que faz Enfermagem na Universidade Estadual do Pará (UEPA). Nenhum dos quatro filhos de Neide se interessou em aprender o ofício para dar continuidade ao trabalho feito pela mãe. A tradição corre o risco de se perder já na próxima geração da família.


Josué Wai Wai concluiu o Ensino Médio e pretende cursar uma faculdade de Letras, para trabalhar como intérprete do idioma Wai-Wai para o Português. Ele também adquiriu a técnica do grafismo por intermédio do para filho e faz disso seu modo de vida mesmo não morando mais na aldeia Mapuera Grande, onde vai frequentemente para conseguir as sementes com as quais confecciona suas peças. Ele tem mulher e uma filha pequena, e sustenta aambas com a renda oriunda da comercialização de suas peças.


O artista plástico Cláudio Assunção, da Fundação Curro Velho, explica que o trabalho realizado com os indígenas durante a Caravana Pro Paz Cidadania Presença Viva vai servir para o registro da técnica de composição do grafismo que pode ser utilizado nas oficinas da Fundação. Os traços e as cores também podem ser transpostas para outras técnicas e utilizadas em produtos como camisas, agendas, biojóias e artigos de decoração feitos a partir de material reciclado. “Esta pode ser mais uma fonte de renda e garantia de transmissão da técnica da cultura indígena local”, explica.



http://www.museudoindio.org.br/template_01/default.asp?ID_S=29&ID_M=1305

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